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Escrever poemas contendo poesia é sempre um desafio. O homem em sua natureza é um ser poético. Os sonhos e as vontades nos movem num mundo muitas vezes de fantasia, mas em tudo cheio de realidade. Ser poeta “é tirar de onde não tem e colocar onde não cabe”, já dizia o poeta. É navegar onde é preciso e travestir o vivido. Conduzir um barco em águas calmas, profundas ou na tormenta de um mundo agitado é tarefa árdua e cruel. O poeta chora e ri enquanto rema. É empático com a solidão, a tristeza e se aflige com um peso muitas vezes insuportável. Navegar por rios, lagos, mares... percorrer pelas margens do fugidio... daquilo que é arisco... preencher os vãos dos barcos que pretendemos conduzir... eis aonde queremos estar: atracar no cais das páginas amareladas pelo tempo. O poeta sofre do comum, luz de velas, barco vazio, cova profunda.
Tambiá, agosto de 2021
Nove Margens apresenta Externo, o mais novo trabalho do poeta George Ardilles. Após uma pausa de doze anos o poeta do meio-fio sai das ruas e vai navegar nos barcos e margens de Externo.
"O jovem de Externo parece ter a vontade de ser mais que poeta, é na verdade um homem de sentimentos, cuja travessia do lago traz - às margens da palavra - o remo de um barco que é impossível tocar, enquanto se encontra em sua caverna, em seu casulo ou em um simples quarto de solteiro, homem que relembra, que faz menção às suas relações amorosas, de amizade e paixão e, ainda em isolamento, aguarda o movimento que vem de fora, do exterior de si."

“Entre uma primeira margem e uma nona margem, os sonhos mais ternos que temos ou tivemos, foram/são os sonhos da infância. Por isso a memória ainda é a canoa nesse rio-livro, entre o que miramos no horizonte externo e o que sonhamos dentro de nós mesmos (horizonte interno?). E como boa poesia e pessoa que é, ele ruma/rema fora dos espelhos, longe dos estereótipos, em barcos e livros, em quartos e praças, em ruas ou asfalto, em varandas ou paredes; quando tudo em George Ardilles é canção que navega todas as margens sem medo do que vem de fora, seja em som e ruído, em cheiro e calor, em tempo passado ou presente, porque Externo é agora, ele é infância.”
Sumário Santana
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